Educação: Letras e rascunhos


Campanha dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

VÍRGULA

  RESUMO:

    Existem  conexões entre fala e escrita, mas  a ação de escrever é  dessemelhante ao ato de articular as letras.

As palavras escritas têm uma coordenação na frase, sem a qual, o significado seria inutilizado.

A pontuação é essencial para compor essa organização.

Sem pontuação o texto não terá definição!  

Seu uso apropriado faz com  que a língua escrita se transforme  mais adjacente possível do dialeto articulado, especialmente quanto  às entonações.

A vírgula é um dos itens mais ameaçadores e  fundamentais para consolidar a nitidez do que esperamos verdadeiramente falar!

Esse pequeno símbolo pode modificar toda a idéia inicial! Basta que ela dê uns pulinhos no meio da frase e... Ops!

  Enfim:  escutar significa  apreender símbolos sociais (sonoros), falar constitui reaprender compreendendo o que se ouve,  escrever e  ler  supõe-se alfabetizarmo-nos na linguagem humana...  Nas entrelinhas da realidade das idéias e diálogos com o universo!

   Com pontos... E vírgulas!

Palavras chave:    Vírgula, Língua portuguesa, falar e escrever, gramática.

Introdução:

Falar significa emitir sons com significados coesos seguindo uma combinação lingüística qualquer, apresentando a habilidade de se expressar.

Escrever é a manifestação de imagens e conceitos  através de  sinais gráficos.

Falamos (cada qual!) de um jeitão distinto: sotaque pessoal, culturais, regionais ou vícios de linguagem, etc.  Aprendemos a ler e escrever um idioma, basicamente falando...  E falando? Não!

Aprendemos ouvindo, observando e interpretando os valores sonorizados dos vocábulos!

Enunciamos sons pensados empregando  pausas diversas e definindo como desejamos verbalizar nossas conversações ao  interagir no meio, no qual existimos!       

Várias configurações peculiares à fala são transpostas para a escrita.

O fato de o interlocutor estar presente no instante da fala e distante na ocasião em que escrevemos é a ampla diferença essencial.   

Para quem escrevemos? Quem nos decodificará?  Como nossa mensagem pode ser decifrada?

Várias pesquisas são realizadas a respeito da mutação lingüística:  

 Transformações pelo tempo  - vocábulos de um momento desaparecem e originais expressões nascem.

Variantes de grupos sociais – escolaridade e categoria social produzem  falas diversas.

Uma pessoa possui modificações correspondentes dependendo do ambiente em que se encontra - família, entre amigos, ou em posição cerimonial, etc.

 E distintas regiões possuem o seu peculiar sotaque e estilos de falar.

Variações regionais são  extremamente múltiplas no nosso Brasil!

O que causa mais agitação no linguajar português é a famosa VÍRGULA!

 Quase ninguém possui o conhecimento sábio e  certeiro onde deve ou  não carece  usá-la.  E a presença ou omissão de vírgulas produz orações distintas em explicações completamente diferentes.

Ela é meio mágica com esse poder de transmutar o sentido geral  de uma frase, tornando-se extremamente perigoso o seu uso incorreto.

Falar e ouvir... Escrever e ler... Interpretar sabiamente diálogos do existir nas entrelinhas e vírgulas de nosso  pensar e criar!

Desenvolvimento:

A instrução de gramática no Brasil atrai  críticas  por seu estilo carente de  uma  ponderação metódica sobre eventos, funcionamento  e utilização  da linguagem, fundamentado em exercícios classificatórios, com evidência na metalinguagem.

            Reconhecendo as opções  teóricas proporcionadas pelas pesquisas lingüísticas, os “Parâmetros Curriculares Nacionais” ( PCN)  sugerem uma imprescindível modificação no  método educador atinente aos aspectos gramaticais.

             Para essa nova compreensão de ensino,  a vírgula  é um tópico respeitável e desafiante,  visto que se constitui, de acordo com a norma gramatical, por critérios sintáticos.

   A língua portuguesa possui uma infinidade de regulamentos que passam despercebidas pela maior parte dos leitores, dificultando  um  amplo entendimento e utilização correta do idioma (escrito).

Dispensar  esses regulamentos é um risco, mas utilizá-las em demasia pode ser perigoso!

Alguns acentos “caíram” na atual reforma ortográfica, mas as vírgulas ainda mantém  apropriada liberdade em termo de uso.

Se colocarmos a vírgula no lugar incorreto, a definição do texto  altera comprometendo  o entendimento preciso da mensagem.

"Vírgula é um sinal gráfico de pontuação, indicando uma pausa ligeira, usada para separar frases encadeadas entre si ou elementos dentro de uma frase”. (Houaiss)

Mas, ao utilizarmos a quase “imperceptível” vírgula notamos que não é tão simples assim!

A maior parte dos manuais instrui que a vírgula significa  uma pausa. Sabemos que isso é uma inverdade!

Várias ocasiões há pausa, mas não existe vírgula! E ela pode fazer um estrago danado nos escritos se não for respeitada e impecavelmente utilizada!

A palavra em sua origem latina é um diminutivo: "virga"(= vara) + "-ula" (= sufixo diminutivo). "Vírgula" =  "varinha". Lembrando-nos o formato de um pequeno raminho recurvado.

            A  ilustre vírgula serve para apartar vocábulos, organizando-os e permitindo clareza em suas relações sintáticas.
            Associação Brasileira de Imprensa (ABI) – Lançou uma empreitada valorosa  incentivando  o uso adequado da vírgula e estamos realmente necessitando aprender a utilizá-la... Conscientes de que ela não é um toque da respiração!

Exceto resolvidas libertações poéticas, é necessário  adotar fielmente os princípios essenciais da vírgula:

Separar  várias informações numa listagem;

Destacar explicações que estão no meio da frase ( elucidações que cortam a frase são alterações de pensamento, necessitando serem apartadas por vírgula);

  Separar  as expressões que indica tempo,  lugar, modo, etc., que estiverem  no começo da frase (separa-se o adjunto adverbial antecipado);

   Isolamento das orações independentes (aquelas que têm sentido, mesmo estando fora do texto);

   Princípio:  não se usa vírgula antes de “e” (mas, quando a frase depois do “e” sugere  uma pessoa, coisa, ou objeto (sujeito) diverso da que vem antes dele, usa-se a vírgula).

Vírgula  opcional:  é facultativa dependendo do significado, ritmo, agilidade que você queira dar para a frase (se a expressão de tempo, modo, lugar etc. não for uma expressão, mas sim uma palavra só).

Proibido: separar por vírgula o sujeito do predicado ( se colocarmos vírgula entre o sujeito e o verbo, o sujeito vira vocativo).

É imprescindível que se tenha plena consciência dos princípios gramaticais  para se obter a  pontuação correta de  um texto. Uma vírgula ou milhões... Nenhuma ou algumas... Fazem vírgulas diferenças!

Considerações finais:

Dizem que as famosas VÍRGULAS são facas de dois gumes e nesse  contexto  são nossos conhecimentos que ditarão a criatividade e autenticidade  do pensar, falar e escrever impecavelmente! 

Inúmeras vezes,  na prática ela é a incompatibilidade da língua portuguesa para quem deseja escrever: o  escrito torna-se “impenetrável” se existirem muitas vírgulas!  E, se há poucas, tecnicamente embaraça as pausas tornando a leitura complicada ou impossível.

É conveniente  usá-las com muita sabedoria,  no mínimo necessário!

Necessitamos  esquecer a antiga  lorota de que toda vírgula representa uma pausa!

Para aprendermos a usar sabiamente a vírgula é  necessário  estudar  análise sintática

Enfim, as vírgulas são um tema respeitável na língua  portuguesa: apontam a interrupção necessária, permitindo que o leitor respire ( profundamente!) e siga  em frente com menor  cautela,  maior compreensão e intenso prazer da leitura!

TRABALHANDO POEMAS

Obra: "Autopsicografia"-27 de Novembro de 1930

Autor: Fernando António Nogueira Pessoa - (1888 – 1935)

Resumo

O poeta não se apóia unicamente no significado exato das palavras e em suas relações dentro da frase para transmitir idéias e sensações,

Inventa o uso do que as palavras possam indicar por meio dos sons que elas contêm e de diferentes conceitos, ou figuras de linguagem, que seja hábil ao criar.

Utiliza os valores sonoros e o poder sugestivo dessas mesmas palavras combinadas entre si.

Ao poetizar... Liberta infinitos pactos  humanos e clarividências de todos os aspectos da linguagem autorizando  magia e emoção!

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entender a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Entre pseudônimos, heterônimos, semi-heterónimos, personagens fictícias e poetas mediúnicos, contam-se 72 nomes na magia de FERNADO PESSOA.
Principais Heterônimos- (Alberto Caeiro, Ricardo Reis,  Álvaro de Campos e Bernardo Soares), diferem de pseudônimos e são personalidades poéticas completas, tornando-se reais através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original. Originando uma intensa ponderação sobre a analogia da  verdadeexistência e identidade.
Palavras-Chave: Fernando Pessoa – Trabalhando Poemas - Autopsicografia
Gênero Lírico: Subjetivo prevalecendo o "eu poético" (voz que expande sentimentos).
Não há sequência de episódios.
Não há personagens (não existe história e trama, portanto, nenhum narrador)
Peculiaridades Temáticas de Fernando Pessoa:
Identidade perdida (eu), autoanálise, perturbação metafísica (dor de existir), consciência da incoerência do viver, antissentimentalismo (Intelectualização da emoção);
Conflito (franqueza/fingimento, consciência/inconsciência, devaneio/realidade);
Oposição (sentimento/pensar, pensamento/aspiração, esperança/desengano);
 Emoções negativas: solidão, descrença, enfado, agonia, fadiga, desesperação, frustração.
Rima – cruzada com certa irregularidade nos versos 1º e 3º da última estrofe.
Observe os dois pares de rima: fingidor/dor e razão/coração, onde existe certa intenção expressiva inventariando razão com fingidor e coração com dor:
Esses são os dois itens da concepção poética – as percepções e o fingimento
             Preponderância da quadra e da quintilha (uso de elementos formais habituais)
             Aspectos fônicos - verso de redondilha (verso curto de sete sílabas), de aspecto rítmico popular (quadras) revelando alto nível mental de uma teoria intelectualizada.
              Constatados em grande parte dos versos, os lances repetidos de transporte diminuem os obstáculos que o metro curto teria no desenrolar do raciocínio do poeta.
           Categoria morfológica admirável  nesse poema é o substantivo (poeta, fingidor, calhas, roda, razão, comboio, corda, coração), duas vezes trocado por pronomes demonstrativos (“os” no primeiro verso da 2ª quadra e “a” no último verso da mesma estrofe).
            Três advérbios de definição análoga sendo  imperativo citar, pelo valor  que adotam na distinção das três “dores” expostas no poema:
 “… sentem bem” (os leitores)
 “… deveras sente” (o poeta).
  “finge (…) completamente” (o poeta).
Primeira estrofe - Existem três vocábulos da família do verbo fingir (a tese) -
Fingidor, finge e fingir – e repete-se a palavra dor nos 3º e 4º versos.
           Segunda estrofe – Aparecem figuras verbais lêem,escreve, sentem, teve (= sentiu) e não têm (= não sentem), que juntam os três tipos de dor: a dor verdadeira; a dor que o poeta escreve e aquelas que os leitores lêem e não têm.
          Terceira estrofe - Formas verbais “gira” e “entreter” - indicam o aspecto lúdico da poesia, competindo à lógica a função decisiva na obra poética.
Ao coração compete girar em calhas provendo emoções!  À razão permanece determinado  o desempenho de toda a preparação que foi proporcionada nas duas primeiras quadras.
Nível sintático - o poema reveste legítimo texto teórico. Prevalece a hipotaxe, com destaque para a subordinação (reconhecendo o valor da coordenativa “e”).
Aspecto semântico - uso de linguagem selecionada e simples, mas muito expressiva (plena de significados escondidos).
Pontuação emotiva e uso de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.
Os verbos ajustam-se com a natureza teórica do poema (pesquisa que o poeta faz do acontecimento psicológico que nele decorre, no instante de criação artística, logo no presente).
A configuração do perfeito "teve" explica porque é necessária para assinalar a prioridade temporal em que o poeta sentiu as suas dores em analogia ao tempo (presente) em que o leitor conhece a dor lida.
A expressão infinitiva "a entreter" mostra-se com um límpido aspecto de durabilidade, sugerindo a reprodução ininterrupta da ação criativa.
 A obstinação do poeta no processo mais respeitável da criação poética: o fingimento.
 Este método é caracterizado pelas formas verbais "finge" e "fingir" e pelo substantivo "fingidor".
O verbo fingir (do latim "fingere” = fingir, pintar, desenhar, construir) surge não apenas para dissimular, mas igualmente arquitetar, moldar, abrangendo, assim, todo o processo criador construído pelo poeta invenção do poema: o poeta é um artífice.
Figuras de Estilo:                                                    
   Alegorias, metáforas incomuns, oximoros (vários paradoxos – colocando paralelamente duas realidades totalmente contrárias):
      Uso de todas as capacidades expressivas das palavras e a repetição intencional de algumas (dor, cognatas de fingir e ter, com o sentido de sentir, verbo que também é empregado duas vezes).
       Símbolos: “comboio de corda” (brinquedo que vem indicar a feição lúdica da poesia > o comboio (coração) equipa à razão o ponto de arranque para a criação (fingimento)); “calhas” (insinuam a conexão do sentir em analogia ao pensar (razão)
            Metáfora – conectar dois termos que concernem à mesma classe sintática, mas cujos traços se cancelam reciprocamente:  “Gira, a entreter a razão/Esse comboio de corda”
             Perífrase – utilização de uma expressão miscigenada por vários elementos em  vez do emprego de um só termo:   1º verso da 2ª quadra (“Os que lêem o que escreve”, em vez de “os leitores”). 
      Hipérbato -  (última estrofe)   separação de vocábulos que concernem ao mesmo segmento por diferentes palavras não pertencentes a este lugar (normas da sintaxe).
    “ Autopsicografia” =  “metapoema” = "escrita automática da própria alma".
O poeta se propõe a psicografar o processo de elaboração poética de outro eu que é ele mesmo ( talvez seu “daemon” pessoal ou algum processo psíquico que nele se passava),
  A divisão que está na gênese da disseminação heteronímica do poeta sugere uma variante ampliada do fingimento que motive a obra da aparição poética ou talvez, a revelação de vários “daemons” distintos com individualidades diversas!
    No entanto, o fingimento no qual  compõem os heterônimos de Fernando Pessoa, se elabora a operacionalidade gerada pelo poeta na dualidade do eixo pensar/sentir sobre o qual estabelece a ideação da sua natureza poética.
  Jamais utiliza o pronome "eu", nem um verbo na primeira pessoa, lançando uma afirmação axiomática, "O poeta é um fingidor", de aplicação universal...  Mas, realmente é  aplicável a todos os poetas?
    A hipótese da criação poética, desvendada no poema, de importância universal e dom de todo autêntico poeta, foi gerada na auto-introspecção, por meio da qual Fernando Pessoa constatou o método em si mesmo (palco de teste em busca do mistério da  poesia e magia de ser poeta).
            Quem é ele? Por que escreve?
     Esse poema foi gerado  quando do aparecimento no autor de acontecimentos paranormais...  Fernando Pessoa interessava-se pelo ocultismo (Teosofia, Maçonaria, “Golden Dawn”) e  relatava casos de escrita automática e mediunidade (volume da Assirio & Alvim dedicado a este tema). Psicografia - vocabulário "espírita" (habilidade dos médiuns registrarem mensagens proferidas por espíritos -"escrita automática").
Segundo Fernando Pessoa...
Primeira estrofe: Frase  axiomática: “o poeta é um fingidor” - especificação centrada na dor.
Sendo “um fingidor”, o poeta não finge a dor que não sentiu. Mas, sua dor real!
Afastando a possibilidade de se interpretar o julgamento de “fingimento” na poesia de F. Pessoa como simulação de uma dor ou de um experimento emocional que não se teve.
Materialização da dor no poema atua na lembrança do poeta  levando-o  à sua dor inicial, tornando a  inventada mais legítima  que a real:  “chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente”.
Fernando Pessoa exigia a criação de uma dor fingida sobre a dor experimental.
Não há poesia nem  arte sem imaginação, sem que o real seja idealizado e manifestando-se  e concretizando-se em arte.
Segunda estrofe: A dor real permanece com o poeta; a dor fantasiosa não é  sentida pelo leitor como agonia, porque o não é (a dor  do mundo dos sentidos e a poesia – dor imaginária ou representada – é da esfera do espírito).
Compreensão  do último verso desta estrofe (“Mas só a que eles não têm”): os leitores só têm acesso à representação de uma dor intelectualizada, que não lhes pertence.
  quatro dores: a dor sentida (real), dor fingida pelo poeta,  dor real do leitor e a dor lida (dor intelectualizada que emana da interpretação do ledor e que é artifício da sua fruição)
Terceira estrofe:  Se a poesia é uma reprodução mental, o coração (“esse comboio de corda”), cerne dos anseios, é apenas um entretenimento da razão, girando, mecanicamente, “nas calhas” (símbolos de algo fixo  e impossível de alterar) do mundo dos acordos em que transcorre a vida diária.
Sucessivamente a dialética do ser e do parecer, da consciência (razão) e da inconsciência (coração = comboio de corda), a teoria do fingimento.
 
Considerações finais:
  A poesia imprime  sentimentos... Ao invés de  meros conhecimentos!
E o poeta?
Um ser fadado  a desvendar  intelectualmente todas as nuances  das sensações, instigando-as  ao coeficiente da arte poética... Transformando todas as realidades racionalizadas em matizes de poemas impressos na leitura diária do viver! Mistérios do existir...
     No cotidiano (cada um de nós!) somos heterônimos arquitetando poemas do sentir e lendo nossos enigmáticos pseudônimos! Os quais buscam as verdades, nossas reais personalidades envoltas   nas páginas intermináveis dos  destinos!
Fernando Pessoa... Todo o sonho do mundo encontra-se em seus versos!
  Basta  ler, questionar e...  Reencontrar nós mesmos nas entrelinhas de suas palavras de MAGO!
  Apenas... POETA.
 
 
 
 
 
           
 
 
 
          

 
 

 


 

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