Análise Sintática Contemporânea

Resumo:

Cada indivíduo na hora de usar a língua faz diferenças de uso, de acordo com o contexto, com a situação, com a familiaridade, com a pessoa com quem está interagindo. “A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra se apoia sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor.” (BAKHTIN, 2004, p.113).
            Ensinar, aprender e mudar fica nas atitudes do educador e o educando carece ser o eixo fundamental da finalidade dessa mutação! Ou esperar que o universo educativo modifique-se para irmos juntos nessas transformações tão necessárias e urgentes?


Palavras-Chave: educação, Análise Sintática, aluno e professor.


Introdução:

Escrever é uma tarefa plena de contradições e sutilmente delicada! Adoro registrar ideias por meio de palavras ou formas... Mas, descobri através desses estudos (com os professores da Unifran) que os tais “apropriados” ou “incorretos” de nossa língua são como labirintos e em várias ocasiões até para quem caracteriza corretamente as combinações das letras, verbos, acentuações, etc.
Ainda persistem muitos “gramatiqueiros” que defendem a educação apenas como difusão ou definição ditadora de regras! E foi assim que aprendi a ler e escrever.
Hoje constato que a famosa “decoreba” não é assimilar ou compreender, é apenas entrar passivamente nos padrões pré-estabelecidos. A gramática (por si só!) não instrui falar, ponderar, apreender ou ler corretamente.
Somos imagem da vida: dinâmica num fluxo de mutações, onde os verbos comunicar e interagir são infinitos símbolos linguísticos de nós mesmos.
A interação com o meio, pensamentos e realidades de nossos universos é gerada através do falar, escrever, ler... Nossa língua materna é o reflexo da influencia mútua de autenticas diversidades em nossa sociedade pensante:  “É a amplitude e o uso das diferentes variedades da língua materna, mais do que a real introdução de novos padrões e elementos, que constitui o foco de ensino linguístico produtivo” (Halliday et al-1974).

Teoria:

Análise Sintática não deve ser o objetivo primordial e sim um meio para se alcançar um estudo agradável e integral do idioma.  Meditar, esclarecer, interpretar, aprender e sentir prazer em descobrir o real sentido das palavras!
Fazer análise em uma oração...  Significa o que?  Um terror endiabrado! Até hoje tenho trauma e eu adoro ler! Imagina quem não gosta e por quê?
            Quando a criança vai à escola, traz consigo seu conveniente código de conhecimentos do linguajar materno e cabe ao professor revelar paulatinamente como funciona essa língua (A NOSSA LÍNGUA!) mostrando-lhe experiências e informações paralelas ao seu saber.
             Quaisquer padrões linguísticos nativos que a criança normal dominou, no sentido de usá-los da maneira como são usados por aqueles de quem os aprendeu, são “exatamente como tão bons” enquanto linguagem, quanto os que se espera que ela substitua aos primeiros. Isto se aplica a qualquer nível da linguagem: à gramática, ao léxico, à fonologia ou à fonética. (HALLIDAY et al, 1974, p. 261).
É claro que o palavreado que a criança usa não é o material mais fácil para que o professor possa trabalhar, mas se ela aprende a ler e escrever dentro dos parâmetros mais próximos possíveis  do seu próprio uso da língua falada será despertado um interesse maior pelas novidades oferecidas.         
Sabemos que enumerar códigos, corrigir implacavelmente isto ou aquilo, baseado em regras absolutas ou plena ditadura linguística não é ensinar gramática!
Jamais poderemos nos livrar inteiramente da necessidade do SABER: cada aluno precisará confirmar sua aptidão gramatical em vestibulares, concorrências, triagens em escolas ou futuros empregos e assim vai pela vida afora em múltiplas circunstâncias!
Uma gramática sem preconceitos do funcionamento da língua (afinal, todo ser humano é capaz de produzir linguagem e interagir socialmente através dela), mas saber como funciona a dicção ou a língua, como e o que está sendo informado com objetivos precisos, considerando as diferenças sem preconceitos linguísticos.
Por fim, dando chances para que conheçam a diferença entre idioma e linguagem, regra culta e norma padrão analisando espontaneamente a ampla classificação em que se divide a gramática (dicotomia): e assim diferenciando  a normativa da descritiva, internalizada e todas  suas mutações!
"sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino" (Paulo Freire).   Isso é linguística. Gramática. Literatura. Analise sintática. Estudo. Significa aprender  EDUCAÇÃO!
O livro didático ajuda (e muito!) os professores, mas deve ser utilizado apenas como tema de partida para novas pesquisas e não a fronteira gramatical para se ensinar a escrever e ler...
No instante em que nos conscientizarmos que novas aptidões, encanto pela leitura e interesse em escrever fazem parte das conquistas que serão adquiridas quando valorizamos  as habilidades que cada aluno já possui, aí sim, incluiremos os métodos adequados para se ensinar ANÁLISE SINTÁTICA para cada aluno contemporâneo.
Infelizmente, em nosso Brasil essa é uma realidade utópica, pois não podemos ignorar que os salários são minúsculos para esse imprescindível profissional que além de estar sempre estudando para se atualizar (ser professor significa ser um eterno estudante!), necessita trabalhar dois ou três períodos (e na maioria das vezes em escolas diferentes e distantes!).
Surge a desesperança e o desencanto pela profissão, principalmente quando acreditam que a classe educacional é desrespeitada pelos alunos, pais, sociedade e governo!
Contudo, não podemos permitir que o ato pedagógico seja um ato mecânico ou de sobrevivência e ao ensinarmos o conteúdo da disciplina, uso e valor do SABER E SER estaremos contribuindo para interligar comunidades e oportunidades humanas.
Máxima tarefa do professor: Incentivar os alunos a lerem com frequência, gostar de ler e descobrirem toda a riqueza expressiva do idioma:   empatia com ideias e sentimentos! Transmitir ao aluno a consciência de que a língua esta em eterno aperfeiçoamento. E nós também!
Li que existem duas colossais qualidades da fala humana: as diferenças (no tempo presente) e a transformação (com o correr do tempo).
Assim também é a realidade da educação no Brasil. Está modificando-se através de cada professor que assume o seu valor, luta por seus direitos e reaprende interminavelmente que “o passar do tempo” significa o AGORA que estamos construindo para o futuro!

Considerações finais:

“Se a língua é entendida como um sistema de sons e significados que se organizam sintaticamente para permitir a interação humana, toda e qualquer manifestação linguística cumpre essa função plenamente”. (Marcos Bagno - Escritor, tradutor, linguista e professor da UnB).
E a função primordial do PROFESSOR é ser o ELO de sons e significados da sociedade humana.
A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar. (FREIRE, 1988, p. 78)


Referências:

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: A
www.visionvox.com.br/.../Por-que-(não)-ensinar-gram.utêntica, 2003

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